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Êxodo: uma jornada marcada pelo poder

PARTE I: ÊXODO 1 - 18
Uma reflexão sobre dependência

Sim, é verdade. O improvável aconteceu. Talvez o mais preciso fosse dizer o impossível. Não havia como evitar. Não tinha outra opção. Não havia saída. Mas ainda assim...

Um povo egípcio poderoso. Um povo hebraico numeroso. Uma ameaça ao reino. A ordem foi estabelecida: se nascer uma criança e for menino hebreu, deve morrer! Meninas estão livres. Se você é mãe, deve imaginar a dor. Imagine a expectativa no nascimento por saber o sexo. Um ultrassom anteciparia a novidade. Talvez ajudasse a planejar a fuga da criança. Mas não foi assim. Meninos sem esperança. Meninos que mal viram a luz e se dirigiam à morte. As parteiras tentaram obedecer a ordem, porém, não conseguiram. Inventaram uma desculpa. Era muita crueldade. E os meninos foram salvos. Pelo menos por enquanto.

Não durou muito e uma nova ordem surge: que os meninos que nascerem sejam jogados no rio Nilo! Qual destino seria pior: ver o filho morrer num ato desumano ou vê-lo sofrer num rio antes de perecer? Qual você escolheria? O coração apertou, mas foi assim para todos. Ou deveríamos dizer, quase todos.

Um bebê hebreu teve um caminho, no mínimo, interessante. Depois de três meses de vida, seu destino também foi o Nilo. A morte era só questão de tempo. Porém, de alguma forma, o inesperado ocorreu: o pequeno hebreu navegou pelo rio. Balançou, mas não caiu. Antes, chegou aos pés de uma princesa. Ela o olhou. E o amou. E o salvou. Deu para uma hebréia cuidar dele até seu crescimento. E adivinha quem foi a responsável pela criação do menino? A própria mãe do bebê! Sim, a própria mãe cuidou de seu filho e o acompanhou durante a infância. E mais: ganhou um salário para isso. Deus, às vezes, parece cômico.
Você já se sentiu assim? Tudo parecia contrário. O caos estava à sua volta. Alcançou sua casa. Tirou sua esperança, Sugou suas energias. Limitou as possibilidades. Retirou suas forças. O sofrimento o cercou. Você se sentiu sufocado. Mas, no meio da tempestade, Deus fez algo extraordinário. E ainda faz.

Você olha para a história do pequeno bebê e pensa que a história acabou. Mas ela mal começou. O pequeno menino tornou-se homem. Adquiriu educação dupla: hebraica e egípcia. Tornou-se um jovem promissor. Carreira garantida. Futuro de sucesso. Até que tudo mudou subitamente. Sua história, mais uma vez, tomou novo rumo. De bebê sem futuro a jovem rico que agora se transforma em assassino ao proteger seu próprio povo. Foge. E sua vida no deserto apenas se inicia.

No deserto, peregrinou. Sofreu. Casou. E o tempo passou. Quando menos esperava, encontrou-se com Deus. Foi numa sarça. Uma planta que pegava fogo, mas não se consumia. Eu sei, eu sei. Pouco provável. Menos provável ainda era essa planta falar e esse Moisés - assassino, limitado, pobre e sem eloqüência – retornar ao Egito e livrar um povo escravizado por quatrocentos e trinta anos por um grande império. Passados alguns pequenos detalhes, Moisés tornou-se este homem: libertador e guia de milhares pelo deserto. E, mais uma vez, o improvável aconteceu. A comicidade de Deus parece não ter fim.

Mas voltemos aos pequenos detalhes. Quais são eles na história? Dez pragas, um mar e alimento no meio do nada. As dez pragas alcançaram um poderoso povo com deuses. Em cada praga, um deus vencido. E, na última delas, a expressão máxima de um deus específico: o próprio homem. Deus mostra que é maior do que os deuses. Deus mostra que é maior do que os homens. Se não é o bastante, pulemos algum tempo para o futuro e olhemos para o mar. Ali, de um lado, o mar; do outro, o exército mais poderoso da época; no meio, um povo sem saída. Qual seria sua reação? Você acreditaria naquele Deus que livrou do Egito? O fim da história você sabe. Povo salvo e exército engolido pelo mar. Deus é maior do que mares. Deus é maior do que exércitos. Mas ainda tem mais: o que comer e beber no deserto? Mas nada que Deus não possa resolver. Ele provê pequenas aves, pães e água, os quais sustentaram todos no deserto. Nas três situações, uma mesma realidade: provisão. Provisão que liberta, provisão que julga, provisão que sustenta, provisão que manifesta seu poder.

Diante de tudo isso, pense um pouco e escolha o ato é mais absurdo: um bebê salvo em um grande rio e cuidado pela própria mãe que ganha um salário da princesa? Um jovem com carreira promissora e futuro garantido que perde tudo ao se tornar assassino e recomeça no deserto? Talvez a conversa com uma planta que não se queima que lhe concede uma missão para a vida? Ou ainda o fato de um homem de péssima oratória negociar com o homem mais poderoso da terra o término de uma escravidão de séculos? Você pode ainda escolher um povo que derrota o exército mais poderoso da época diante de um mar, sem nada fazer a não ser reclamar? E o que falar da comida e água no meio do deserto?

A mensagem é clara: Deus é Deus. Seu poder é sem igual. Mesmo que não tenhamos as respostas, Ele tem. Mesmo que não saibamos o que fazer, Ele sabe. É o GRANDE EU SOU, maior que tudo e todos. É o Superlativo de toda grandeza. É a Excelência de toda obra. É Imutável em sua natureza. É Incomparável em sua majestade. É Indescritível em seus feitos. É a Suprema Sabedoria que transcende o conhecimento humano. Ele é o Rei dos reis. Não existe nada pequeno demais que fuja do seu alcance. Não há nada grande demais que supere seu poder. Ele é o Todo-Poderoso, o Princípio e o Fim, a razão de tudo que há.

Eu sei: muitas coisas não fazem sentido. E poderia fazer sentido à mente humana finita a realidade do Deus Infinito? Talvez, no caso dessa história, nada parece ter sentido. E é aí que vemos a diferença entre o homem e Deus, entre conhecimento humano e a Sabedoria de Deus. Vai além de nós. Muito além.

Em meio a tudo isso, aprenda a lição: não seja independente. Dependa d’Ele. Ele tem o caminho. Ele tem as respostas. Você não precisa resolver tudo sozinho. Renda-se à vontade d’Ele, seja ela qual for. Seja envolvido pelo seu poder. Seja renovado pela esperança em meio ao caos. Seja guiado pelo Deus que não nos desampara em meio ao deserto. Aprenda a depender.

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